Edith Elura Tilton Penrose é a mulher que está por trás do conceito "A empresa Penrosiana". Sua análise, desenvolvida na década de 1950, supôs uma ruptura rápida e imprevista com a visão ortodoxa da empresa a partir de um ponto de vista dinâmico e evolutivo. Em vez de buscar equilíbrios imaginários em tamanho, em combinação de fatores, ou em preços, prestou atenção a temas relacionados com o crescimento das empresas, as razões da função de empresas, a sobrevivência das pequenas e médias empresas e a gestão do conhecimento.
Edith T. Penrose nasceu e estudou na Califórnia, onde seu pai era engenheiro de construção de estradas. Aos 18 anos casou-se com um companheiro de estudos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que morreu um ano depois em um acidente enquanto caçava. Edith ficou viúva e com um bebê aos vinte anos de idade. Graduou-se em Economia em Berkeley em 1936. Em 1939 aceitou um emprego na Suíça, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, sob a direção de um antigo professor de Economia, E.F. Penrose (Pen), com quem se casaria uns anos depois.
Enquanto estiveram na Suíça, Edith e Pen colaboraram numa organização de ajuda a judeus que fugiam da Alemanha nazista. Posteriormente, se mudaram para Londres onde Pen se tornou assessor econômico da embaixada dos Estados Unidos e Edith, por encargo especial de Eleanor Roosevelt, estudou as condições sociais do Reino Unido. O resultado de sua pesquisa foi publicado pela OIT com o título de Food Control in Great Britain (1940).
Em 1945, já casados, Pen e Edith voltaram para os Estados Unidos, onde ele passou a trabalhar na ONU. Em 1947 entraram na John Hopkins University onde ela fez o mestrado e o doutorado sob a direção de Fritz Machlup. Sua tese de doutorado The Economics of the International Patent System foi publicada em 1951.
Durante a "caça às bruxas" do Comitê de Atividades Anti-Americanas do senador McCarthy, os Penrose tiveram um papel muito ativo na defesa do acadêmico Owen Lattimore. Eles ficaram muito desapontados com a democracia norte-americana, motivo pelo qual abandonaram o país e onde nunca mais voltaram a trabalhar.
Os Penrose mudaram-se para a Australian National University em Camberra, onde Edith Penrose começou a escrever seu livro sobre a teoria do crescimento da empresa. Em 1957 se mudaram, novamente, desta vez para o Iraque, e foram trabalhar na Universidade de Bagdá. Durante vários anos permaneceram no Oriente Médio, dando aulas em Beirute, no Cairo e em Jartún, mas mantendo seu domicílio permanente em Bagdá.
Nos anos 60, entretanto, os Penrose foram expulsos do Iraque, mudando-se, mais uma vez, para a Europa. Edith se tornou professora na London School of Economics de 1964 até 1978, quando foi nomeada catedrática de Economia na escola de negócios INSEAD, em Fontainebleau, Paris, uma categoria universitária que poucas mulheres economistas alcançaram.
A empresa penrosiana
Para Edith Penrose, a empresa é um conjunto de recursos organizados administrativamente que cresce e procura sobreviver em torno da concorrência. Distinguiu entre os recursos e os serviços que se podem obter destes: "Os serviços que produzem os recursos dependem da forma em que são usados. Exatamente o mesmo recurso pode prover diferentes serviços segundo a forma em que se use ou se lhe combine com diferentes tipos ou quantidades de outros recursos". Qualquer recurso em qualquer empresa está subutilizado. O gerente da empresa trata de melhorar o rendimento dos recursos de que dispõe já que essa é a melhor forma de aumentar a produção e as receitas, sem que se aumentem os custos. O conhecimento da empresa sobre a tecnologia e o mercado é chave para permitir um melhor aproveitamento dos recursos.
Observe-se, portanto, que para Edith Penrose o conceito neoclássico de indústria, como um conjunto de empresas homogêneas que produzem produtos idênticos, se torna totalmente sem sentido. Não há duas empresas iguais, já que os conhecimentos que as empresas possuem são diferentes e o rendimento que obtém de seus recursos também é diferente.
O conhecimento empresarial é um recurso básico para a empresa, já que determina os limites na capacidade de gestão e na capacidade de aproveitamento pleno dos serviços que podem prestar os demais recursos disponíveis da empresa. Os recursos podem ser adquiridos no mercado, no exterior da empresa, mas os conhecimentos necessários para o controle, a gestão e o crescimento são criados no interior da empresa e, portanto, estabelecem um limite à velocidade de crescimento.
Penrose distinguiu entre o crescimento "interno" da empresa, gerado pela melhora no conhecimento empresarial, na gestão e no aproveitamento dos recursos, e o crescimento "externo", gerado pela aquisição de recursos externos. Esta aquisição de recursos externos é unida a um aumento dos recursos subutilizados, já que se requer tempo para que os novos recursos possam ser plenamente "conhecidos" e aproveitados.
Obras
Penrose, E. (1940). Food Control in Great Britain. Geneva: International Labor Office.
Penrose, E. (1951). The Economics of the International Patent System. Baltimore, MD: Johns Hopkins Press. Fue publicada en español en 1974.
Penrose, E.T. (1952). Biological analogies in the theory of the firm. American Economic Review 42: 804—819
Penrose, E. (1959). The Theory of the Growth of the Firm. Oxford: Basil Blackwell and New York: John Wiley & Sons. Ha sido reeditada varias veces y traducida al japonés, francés, italiano y español.
Penrose, E. (1960). ‘The growth of the firm—a case study: the Hercules Powder Company’. Business History Review, vol. XXXIV, pp. 1-23.
Penrose, E. (1968). The Large International Firm in Developing Countries: The
International Petroleum Industry. London: George Allen and Unwin.
Penrose, E. (1971). The Growth of the Firm, Middle East Oil and Other Essays. London: Cass.
Penrose, E. and Penrose, E.F. (1978). Iraq: International Relations and National Development. London: Benn.
Penrose, E. (1985). The Theory of the Growth of the Firm Twenty-five Years After. Uppsala: Acta Universitatis Upsaliensis, Studia Oeconomiae Negotiorum 20.
Penrose, E. (1989). “History, the social sciences and economic ‘theory’, with special reference to multinational enterprise”. En Teichova, A., Levy-Leboyer, M., y Nussbaum, H. (eds.). Historical Studies in International Corporate Business. Cambridge: Cambridge University
Press; Paris: Maison des sciences de l’homme.