LENIN, VLADÍMIR ILICH (1870—1924)

Facebook Twitter WhatsApp

Chefe da classe operária russa e da internacional foi grande continuador da obra de Marx e Engels, além de fundador do Partido Comunista da União Soviética e do Estado soviético. No final dos anos oitenta, do século retrasado, e durante a ultima década do mesmo, Lênin estudou o marxismo e o incorporou à luta política. Desde então, desempenhou um papel relevante na elaboração criadora de todos os aspectos da teoria marxista aplicada à nova situação histórica e na aplicação concreta desta teoria considerando as condições da Rússia. Assim como na direção do movimento revolucionário russo e internacional da classe operária e de todos os trabalhadores. Em diversas etapas históricas, Lênin resolveu, com criatividade, os problemas do desenvolvimento social que tinham amadurecido e enriqueceu o marxismo com grandes descobrimentos. Com justiça se chama Marxismo—Lêninismo a teoria revolucionária da classe operária. Lênin forneceu uma extraordinária contribuição ao desenvolvimento da economia política marxista. Começou sua atividade revolucionária derrotando ideologicamente ao populismo.
Nos trabalhos “Novos movimentos econômicos na vida campesina” (1893), “Em torno ao chamado problema dos mercados” (1893), “Quem são os «amigos do povo» e como lutam contra os social-democratas?” (1894), “Conteúdo econômico do populismo e sua crítica no livro do senhor Struve (Reflexo do marxismo na literatura burguesa)” (1895), e também na obra clássica “O desenvolvimento do capitalismo em Rússia’’ (1899), Lênin, aplicando o marxismo com criatividade à análise do regime econômico da Rússia, submeteu a uma crítica exaustiva as concepções dos populistas e dos marxistas “legais”. Lênin mostrou que no processo de desenvolvimento do capitalismo, tal como se dava na Rússia, as leis gerais do modo capitalista de produção se manifestavam. Criticou os erros teóricos dos populistas, que, no tocante ao mercado interno e ao desenvolvimento do capitalismo na Rússia, afirmavam que a mais-valia não podia realizar-se, dado que não existiam os pequenos produtores e o mercado externo. Adicionalmente, demonstrou que num país onde se desenvolve o capitalismo se produz uma diferenciação entre os pequenos agricultores, transformados em empresários agrícolas, e os proletários assalariados, motivo pelo qual o capitalismo cria para si o mercado interno. 
Representaram uma contribuição importantíssima para a economia política marxista os seguintes trabalhos de Lênin sobre a questão agrária, que generalizaram os dados concernentes ao desenvolvimento da agricultura na Rússia e em outros países: “O problema agrário e os «críticos de Marx»” (1907), “O programa agrário da social democracia na primeira revolução russa de 1905 — 1907’’ (1907), “Novos dados acerca das leis do desenvolvimento do capitalismo na agricultura” (1914-1915), e outros. 
Em sua luta contra o revisionismo russo e da Europa ocidental, que negavam a vigência das leis da concentração e da centralização do capital na agricultura, Lênin analisou cientificamente as particularidades que o desenvolvimento do capitalismo na agricultura apresenta. Desenvolveu a teoria marxista sobre a renda diferencial e a renda absoluta, esclarecendo com esta última trava o progresso das forças produtivas no campo, e mostrou a inconsistência das afirmações dos economistas burgueses sobre a existência da “lei da fertilidade decrescente do solo”. Também examinou o problema relativo à possibilidade, às condições e às conseqüências econômicas da nacionalização da terra na revolução democrático-burguesa e na socialista. Depois de pesquisar os novos fenômenos que no desenvolvimento do capitalismo apareceram no final do século XIX e começo do XX, desenvolveu com criatividade a doutrina de Marx e Engels, e criou a teoria do imperialismo,  assentando as bases da doutrina sobre a crise geral do capitalismo. 
Lênin expôs sua análise científica do imperialismo em seus trabalhos: “O imperialismo, fase superior do capitalismo” (1916), “A bancarrota da II Internacional” (1915), “O socialismo e a guerra” (1915), “A consigna dos Estados Unidos de Europa” (1915), ‘‘Em torno ao folheto de Junius” (1916), “Sobre uma caricatura do marxismo e sobre o «economismo imperialista»” (1916), “O programa militar da revolução proletária” (1916), ‘‘O imperialismo e o corte do socialismo” (1916) e outros. Afirmava que os monopólios constituem a base mais profunda do imperialismo, e descobriu o nexo e a relação recíproca entre as peculiaridades econômicas fundamentais do imperialismo, mostrando qual é o lugar histórico que lhe corresponde. 
Desta forma, chegou à conclusão de que o imperialismo é o capitalismo: 1) monopolista, 2) parasitário ou em decomposição e, 3) agonizante. Daí que o imperialismo seja a ante-sala da revolução socialista. Mostrou que na época imperialista se forma o sistema capitalista de economia mundial, de modo que a exploração do trabalho pelo capital se complementa com a exploração dos povos dos países coloniais e semi-coloniais pelo capital financeiro das metrópoles. Este é o motivo pelo qual o naufrágio do capitalismo se produz como resultado da luta revolucionária da classe operária pelo socialismo e da luta de independência nacional dos povos submetidos ao imperialismo. O capitalismo monopolista de Estado, que une a força dos monopólios e do Estado num só mecanismo com o fim de enriquecer os monopólios e esmagar tanto ao movimento operário como ao de liberação nacional, não pode salvar o regime capitalista.
Lênin mostrou que o capitalismo monopolista de Estado constitui a preparação material mais completa do socialismo. Realizou uma profunda análise da lei da desigualdade do desenvolvimento econômico e político dos países capitalistas no período do imperialismo e chegou à conclusão de que a revolução socialista podia triunfar inicialmente em vários países capitalistas ou num só deles. Isto constituía o desenvolvimento criador da teoria da revolução socialista cuja veracidade tem sido brilhantemente confirmada pela história. 
Sua contribuição ao desenvolvimento da economia política do socialismo e do comunismo é importantíssima. Em seus trabalhos “O Estado e a revolução” (1917), “As tarefas imediatas do Poder Soviético” (1918), “Como organizar a emulação’’ (1918), “Uma grande iniciativa” (1919), “Acerca de um plano econômico único” (1921), “Economia e política na época da ditadura do proletariado” (1919), “Sobre o imposto em espécie” (1921), “Da cooperação” (1923) e outros vários, Lênin estabeleceu as bases da economia política do socialismo e do comunismo. Formulou uma caracterização geral do socialismo e do comunismo e estabeleceu as características comuns às duas fases do comunismo. Ainda mostrou a diferença essencial que existe entre uma e outra, afirmando que a mesma é determinada pelo nível de desenvolvimento das forças produtivas, pelo grau de maturidade econômica e política da sociedade e pela preparação cultural dos trabalhadores. 
Ao sinalizar as tarefas da edificação socialista na Rússia, Lênin indicava que era necessário eletrificar o país, organizar a indústria, a agricultura e o transporte sobre a base técnica da grande indústria moderna. Considerava que a produtividade do trabalho é o mais importante para a vitória do novo regime social. Daí que a tarefa principal, depois da vitória da revolução socialista, consistia em alcançar a máxima produtividade do trabalho, e em relação a isso (e para isso), alcançar sua máxima organização. Mostrou que, uma vez o proletariado no poder, o auge das forças produtivas da agricultura se encontraria vinculado à transformação socialista da agricultura mediante a cooperação. 
Ao mesmo tempo em que exortava o aproveitamento do entusiasmo revolucionário das massas, Lênin insistia na extraordinária importância de fazer, sob o socialismo, que os trabalhadores se interessassem pelo aspecto material de seus trabalhos. Com este objetivo revelou o valor da emulação socialista como recurso principal para incorporar as massas à edificação da nova sociedade e elevar a produtividade do trabalho. Estimou em alto grau os sábados comunistas como uma grande iniciativa consciente e voluntária dos trabalhadores e viu, neste movimento, o “principio do comunismo na prática”. Considerava que assegurar a cada membro da sociedade as mesmas possibilidades de utilizar todos os resultados da ciência e da cultura, além de assegurar o desenvolvimento livre e integral de cada trabalhador, constituem condições importantíssimas e necessárias às transformações socialistas e comunistas. Também formulou os princípios da revolução cultural socialista, no transcorrer da qual o saber se converte em patrimônio das amplas massas trabalhadoras. Lênin também dedicou grande atenção elaborando os princípios nos quais o governo deveria se basear, e, com este objetivo, caracterizou a correlação entre economia e política no período da construção do socialismo. “A tarefa de dirigir o Estado —escreveu Lênin—, colocada agora em primeiro lugar ante o Poder Soviético apresenta, ademais, a particularidade de que, agora, se trata de uma direção em que não é a política, senão a economia, que adquire principal importância”. 
Lênin demonstrou que só a vanguarda da classe operária, o Partido Comunista, orientador da atividade dos trabalhadores em todas as esferas da vida social, pode dirigir o processo das transformações sociais. Dirigiu um imenso trabalho prático na criação da nova sociedade na URSS. Sob sua direção, o Partido elaborou o plano da transformação radical do país, ou seja, o plano da edificação do socialismo. Ao formular a teoria sobre a vitória da revolução socialista num só país, Lênin fundamentou o principio da coexistência pacífica dos estados socialistas e capitalistas, assim como o da emulação econômica entre eles. A herança Leninista constitui uma das fontes da atividade criadora do Partido Comunista da União Soviética e do movimento comunista internacional com objetivo da transformação revolucionária da sociedade, da edificação do socialismo e do comunismo. As idéias de Lênin têm se concretizado e desenvolvido no programa do P.C.U.S. adotado pelo XXII Congresso do Partido (1961), programa que constitui o plano científico da construção da sociedade comunista.