Economista alemão, doutorado em Economia na Universidade de Chicago em 1957, André Gunder Frank foi professor em diversas universidades européias, africanas e americanas, entre elas Iowa, Michigan, Santiago de Cuba, Brasília e Santiago do Chile.
Enquanto estudava economia na Universidade de Chicago ao seu redor estava se formando e desenvolvendo o núcleo duro da teoria econômica anti-keynesiana. Aquela universidade e aquele departamento foram os centros de irradiação do neomonetarismo e o neoliberalismo. Apesar disso, André G. Frank adotou as posturas radicais e neomarxistas, em contacto com Paul Sweezy e a Monthly Review.
Em meados dos anos 60, Gunder Frank liderou a corrente mais radical da nascente "Teoria da Dependência", em oposição ao desenvolvimentismo que mantinham então Raúl Prebish, Aldo Ferrer, Celso Furtado e outros. Sob a influência da revolução cubana e do debate chinês-soviético daquela época se uniu aos mais jovens e radicais teóricos latino-americanos da dependência econômica: Fernando Henrique Cardoso, Theotonio dos Santos, Ruy Mauro Marini e Vânia Bambirra.
A sociedade mundial tem desenvolvido uma dinâmica centro-periferia, na qual os países subdesenvolvidos têm sido condenados ao papel de provedores de matérias primas. Esse foi sempre o papel de América Latina, e esse papel é o que tem bloqueado seu desenvolvimento. A burguesia latino-americana, devido à forma na qual tem crescido e se sustentado, é a primeira interessada na manutenção de relações de dependência com a metrópole.
A partir dos anos 80 Gunder Frank se uniu à corrente historicista dos World Systems (também assumiu um papel de liderança na sua ala mais radical) criada por Immanuel Wallerstein, que propunha uma visão unificada do sistema econômico mundial que funciona como sistema único, no mínimo, há vinte e cinco séculos. Nesse sistema a economia chinesa teve sempre um papel central até que a revolução industrial do século XVIII deslocou o centro para a Europa.
Frank faleceu em 23 de abril de 2005, depois de ter travado uma longa luta de doze anos contra o câncer, o que não lhe impediu de seguir trabalhando e publicando até o final.
Veja também:
Gunder Frank, André (1929-2005)
La dependencia de Celso Furtado
La dependencia ha muerto, viva la dependencia y la lucha de clases.
Theotonio dos Santos
André Gunder Frank
Obras
"General Productivity in Soviet Agriculture and Industry", 1958, JPE
"Goal Ambiguity and Conflicting Standards: An approach to the study of organization", 1958, Human Organization
"The Development of Underdevelopment", 1966, MRP
Capitalism and Underdevelopment in Latin America, 1967.
Latin America: Underdevelopment or revolution, 1969.
Lumpenbourgeoisie, Lumpendevelopment, 1972.
On Capitalist Underdevelopment, 1975
Economic Genocide in Chile: Equilibrium on the point of a bayonet, 1976.
"Long Live Transideological Enterprise: the socialist economies in the capitalist international division of labor", 1977, Review
World Accumulation, 1492-1789, 1978.
Dependent Accumulation and Underdevelopment, 1978.
Mexican Agriculture 1521-1630: Transformation and the mode of production, 1979.
Crisis in the World Economy, 1980.
Crisis in the Third World, 1981.
Reflections on the Economic Crisis, 1981.
Dynamics of Global Crisis, con S. Amin, G. Arrighi and I. Wallerstein, 1982.
The European Challenge, 1983.
Critique and Anti-Critique, 1984.
"Ten Theses on Social Movements", con M. Fuentes, 1989, World Development
"Theoretical Introduction to Five Thousand Years of World System History", 1990, Review
"Civil Democracy, Social Movements in World History", con M. Fuentes, 1990, en Amin et al., Transforming the Revolution
"Revolution in Eastern Europe: Lessons for democratic socialist movements (and socialists)", 1990, en Tabb, editor, Future of Socialism
"The Underdevelopment of Development", con M.F. Frank, en Savoie, editor, Equity and Efficiency in Economic Development.
Globalization, 1400-1800
Third World War
Reorient: Global economy in the Asian age, 1998